PREPARATIVOS

Após minha viagem pela América do Sul em 2010, vinha desenvolvendo meu gosto cada vez maior por descobrir as belezas deste continente. Na verdade, o desejo era por desbravar toda América Latina. Na viagem anterior, consegui apenas 45 dias, pois foi o que consegui, somando férias mais dois feriados (miraculosamente um em cada ponta do período de férias). Foi um bom período se levarmos em conta as limitações de minha profissão como servidor público. Queria fazer uma exploração mais ampla e consistente de nossa América, tanto conhecendo novos lugares, quanto explorando melhor aonde já havia ido. Assim meu plano consistia em descer por toda América Latina, desde o México pelo menos até o norte do Peru, que não consegui alcançar quando para lá fui da outra vez.

Recentemente, algumas coisas aconteceram que mudaram este quadro. Ao tomar a decisão de mudar de área profissional, consegui uma licença não remunerada de 2 anos, para qualificação profissional, assim como outros projetos. Obviamente, isso veio muito a calhar para esse plano mochileiro. Decidi reservar parte desse biênio sabático para tocar essa empreitada. Seis meses seria o mínimo. Então pesquisando vôos para o México, terminei descobrindo que voar para a Califórnia sairia até mais barato, apesar de mais distante. E isso me agradou muito, pois apesar de não ter cogitado antes incluir os EUA no trajeto, seja pelas complicações com visto, seja simplesmente por vislumbrar o país como um destino a parte, me empolguei com a nova perspectiva.

Já vinha paquerando algumas belezas dos EUA, como a natureza da Califórnia, de Utah, Arizona, etc. Poder casar com outro plano foi tudo de bom! Tudo estava certo e já havia até conseguido o bendito visto. Foi quando me deparei com uma promoçao da Delta que fazia Rio-NY-Amsterdã-NY-Rio por 700 dólares. Meus planos não incluíam da passagem de volta para o Rio, então decidi comprar só com a volta de AMS a NYC, de onde começaria a aventura Panamericana. Por ter demorado um pouco a efetuar a compra, mesmo sem a volta pro Rio, saiu a $800. De qualquer forma isso já era fantástico e muito barato.

Como a Europa merece uma aventura própria, a incluí, deixando apenas um mês para fazer alguma coisa por lá. Depois faço uma exploração melhor por lá!

Geralmente no planejamento de minhas viagens, incluo levar ração para facilitar a nutrição, uma vez que manter uma boa alimentação se movendo de lugar em lugar não é muito simples. Além disso, pelo fato de ser vegetariano, isso é algo que definitiamente ajuda demais. Porém dessa vez decidi não levar por conta de estar indo pros EUA e Europa e não querer encontrar problemas na alfândega. Além do que são lugares em que se pode encontrar essas coisas e provavelmente até mais barato que no Brasil.

O visto para os EUA foi relativamente tranquilo de se conseguir. Apesar de ter de preencher um formulário gigantesco pela internet, onde te perguntam de tudo, inclusive se você é traficante, se tem intenções de promover algum atentado por lá ou se pertence a alguma organização insurgente. Depois foi só marcar a entrevista pela internet. Primeiro, marca-se um dia para o registro biométrico, que consiste em tirar fotos e colher digitais. Na verdade, no preenchimento do formulário, você tem de mandar uma fotografia 3×4 digital, mas a que fica no visto é essa que eles tiram da gente. O passo seguinte é ir ao Consulado, onde será feita a entrevista.

Perguntando novamente sobre suas intenções, se você vai a viagem, a trabalho, se vai ficar na casa de alguem, como vai se manter lá, quanto tempo pretende ficar, que tipo de ocupação tem aqui no Brasil. Na verdade, a rigidez quanto a nós, brasileiros já está bem menor, sendo bem mais raro atualmente, ocorrer a negação de visto. Porém, no dia de minha entrevista, enquanto estava na fila já dentro do Consulado presenciei, bem à minha frente, um rapaz que estava tendo seu visto negado por uma das agentes. Aquilo me deixou com uma ponta de apreensão, mas fiquei tranquilo, pois tinha segurança de que tudo que tinha apresentar era confiável. Tudo que possa provar que você possui uma estabilidade mínima no seu país vale bastante. Contracheques, escritura de imóvel, extrato de conta bancária, investimentos, tudo isso ajuda. Não é obrigatório levar, mas caso surja alguma dúvida ter em mãos é uma segurança a mais. Para mim, não pediram, mas quando a agente (a mesma que havia negado para o outro rapaz) me perguntou que tipo de viagem iria fazer. E expliquei que iria fazer um mochilão pela América Latina, começando pelos Estados Unidos. Primeiramente, tive de explicar bem sinteticamente o conceito de mochilão, pois nem a palavra inglesa (backpacking) ela sabia. Expliquei que faria uma viagem por minha própria conta, sem planejar nada com agências de turismo, sempre buscando meios alternativos e de baixo custo para me manter. Falei também do couchsurfing e que pretendia ficar nos EUA basicamente por este meio. Contei também que nesse meio tempo em que estaria fora, me manteria com o dinheiro que faria com o aluguel de meu quarto. Como estava questionando bastante, fiz questão de mostrar todos papéis que tinha em mãos. Tudo isso fiz demonstrando muita naturalidade e sem nervosismo ou afobamento. Ao final tudo correu bem! Após avaliar os papéis e minhas explicações, simplesmente me infomou: “You have your visa”.

O terceiro passo agora seria pegar meu passaporte, que agora estava em poder deles para que nele imprimissem o visto. Já no preenchimento do formulário digital, te perguntam se você quer que te entreguem em sua casa por correio, ou se prefere buscar em algum posto de entrega. Como prefiria não confiar nessa coisa de entrega, pois há a coisa de extravio, ou de ter de haver alguém para assinar no recebimento, optei por ir buscar num posto. No meu caso, escolhi um posto que é em São Cristóvão, que é bem perto de casa e fui de bicicleta.
Como depois dos EUA, vou baixar por outros países rumo ao Brasil, procurei me informar também quanto à possibilidade de pedirem visto em algum país mais. No México, há uma exigência, que se deve mais à grande ocorrência da imigração ilegal por gente que procura cruzar a fronteira dos EUA com México, primeiro entrando neste último.  Procurei informação na internet, mas também diretamente ao Consulado no Rio. É necessário o visto e ele é tão exigente em termos de documentos quanto para os EUA, porém há duas situações que podem tornar a coisa mis fácil. Primeiro que se você tiver o Visto para os EUA, você já está isento de um visto mexicano. E segundo que se você vai diretamente ao México de avião, existe uma relação de companhias aéreas com cujas passagens se pode conseguir um visto mais curto de permanência no país (creio que de 6 meses).

O outro destino, logo após New York, seria a Europa. Para lá, não há a obrigação para brasileiros de obter um visto antes de chegar lá. Por conta do Tratado Schengen, basta que tenha um seguro-saúde específico, tenha a passagem de volta e possa provar que tem dinheiro suficiente para se manter durante o tempo que estiver por lá (creio que algo como 35 euros por dia).

Outra preocupação era a busca por couch nos lugares onde íamos. New York e Paris são lugares onde se é conhecidamente muito difícil conseguir couch. Em NY, por incrível que pareça não foi tão difícil. Pois acontece que uma amiga minha, Viviane, me indicou um cara, em cuja casa tinha ficado um tempo e era couchsurfer também. Depois pesquisando por um couch em NY, encontrei o perfil dele, e vi que é um embaixador do CS na cidade e aparentemente muito ativo na comunidade. Terminou nos aceitando. Em Amsterdã, já tínhamos garantido, pois Lia tem uma amiga que mora por lá. Para Paris, ainda tínhamos de buscar.

8 pensamentos sobre “PREPARATIVOS

  1. Então, Dario, a tal da entrevista no consulado americano é em inglês? Quanto tempo leva para saber se conseguirás o visto? Você já tinha comprado a passagem? bjs

    • Os agentes são estadunidenses, mas podem falar português. Eu optei por falar em inglês mesmo para facilitar para eles. Mas, nesse caso, é bom que seja fluente.
      Quanto tempo leva pra saber se conseguiu? Alguns segundos… eles falam na hora. Só depois de saber, comprei minha passagem.
      Mas lembre-se de que o visto não garante que lá eles não poderiam te barrar. Isso é bem pouco provável hoje em dia, mas vale ter em mente.

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